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O que acontece se não fazer a cirurgia de pterígio? Veja os riscos de adiar o tratamento e como evitar complicações na visão

O pterígio é uma condição ocular que pode parecer inofensiva nos estágios iniciais, mas cuja progressão silenciosa pode trazer consequências sérias para a saúde visual se não for tratada a tempo.

Ignorar a necessidade de cirurgia, quando ela é indicada, pode resultar em deformidades da córnea, perda progressiva de acuidade visual, recidivas mais agressivas e até impactos psicológicos causados pelo desconforto estético.

Embora nem todos os casos exijam cirurgia imediata, o adiamento do tratamento quando a intervenção é necessária pode agravar o quadro e comprometer a qualidade de vida do paciente.

Para esclarecer os riscos reais e as implicações clínicas de negligenciar a cirurgia de pterígio, consultamos o oftalmologista Dr. Aron Guimarães, especialista no tratamento de doenças da superfície ocular.

Neste artigo, você vai entender o que realmente acontece quando a cirurgia é adiada ou descartada em casos nos quais ela é recomendada. Acompanhe os detalhes clínicos, as complicações possíveis e as melhores formas de prevenção e cuidado.

O que é pterígio e por que ele merece atenção

O pterígio é um crescimento anormal de tecido fibrovascular sobre a superfície ocular, que se origina na conjuntiva e avança sobre a córnea.

Essa lesão tem forma triangular, sendo mais comum na região nasal do olho, e pode se desenvolver de forma lenta ou agressiva, dependendo do perfil do paciente e de fatores externos.

Na fase inicial, o pterígio pode ser assintomático, apenas uma elevação discreta na parte branca do olho. No entanto, com o tempo, esse tecido pode induzir astigmatismo, interferir na acuidade visual e causar sintomas como vermelhidão, ardência, fotofobia e sensação de corpo estranho.

Quando o pterígio cresce e invade o eixo visual, o impacto funcional torna-se ainda mais significativo.

O tratamento cirúrgico é indicado quando o pterígio atinge níveis que não podem mais ser controlados apenas com medicamentos ou colírios lubrificantes.

Adiar essa intervenção, especialmente quando já indicada, pode desencadear uma série de consequências, muitas delas irreversíveis.

Quais são os riscos de não operar o pterígio quando necessário

Muitas pessoas hesitam em realizar a cirurgia por medo, desinformação ou por acreditarem que se trata de um problema puramente estético. No entanto, o pterígio é uma condição progressiva e, quando não tratado corretamente, pode trazer riscos que afetam diretamente a visão e a qualidade de vida.

Aumento do astigmatismo irregular

À medida que o pterígio avança sobre a córnea, ele exerce tração mecânica sobre sua curvatura. Isso altera a forma natural da córnea, gerando astigmatismo irregular.

O resultado é uma visão distorcida, com dificuldade de foco, especialmente para objetos à distância ou em ambientes com pouca iluminação.

Esse tipo de astigmatismo não é facilmente corrigido com óculos e pode exigir lentes de contato rígidas ou outras abordagens específicas. Em alguns casos, o grau torna-se tão instável que nenhuma correção óptica oferece melhora satisfatória.

Risco de perda visual progressiva

Quando o pterígio alcança o eixo óptico, que corresponde à parte central da córnea responsável pela visão mais nítida, a qualidade visual sofre queda significativa.

A opacificação da córnea e a interferência com a refração da luz impedem a formação correta da imagem na retina.

Se a cirurgia não for realizada a tempo, essa perda pode se tornar irreversível, mesmo após a remoção do tecido. Por isso, o acompanhamento médico é essencial para detectar o momento ideal de intervir antes que a lesão comprometa de forma permanente a visão central.

Maior complexidade cirúrgica no futuro

Quanto mais o pterígio cresce, mais difícil se torna a cirurgia. Lesões grandes tendem a ser mais vascularizadas, com maior aderência à córnea, o que aumenta o risco de complicações intraoperatórias e prolonga o tempo de recuperação.

Além disso, a retirada de lesões avançadas pode deixar sequelas na superfície ocular, como irregularidades corneanas, hiperpigmentações e cicatrizes que afetam a lubrificação e a transparência da córnea.

Maior probabilidade de recidiva

A recidiva do pterígio é uma das principais preocupações pós-cirúrgicas. Estudos mostram que quanto mais avançada a lesão no momento da cirurgia, maior o risco de retorno do tecido anormal.

E quando o pterígio reaparece, costuma ser mais agressivo, com crescimento acelerado e inflamação persistente.

Evitar a cirurgia em fases iniciais, quando a abordagem é mais simples, aumenta as chances de múltiplas cirurgias futuras e tratamentos mais complexos.

Comprometimento estético progressivo

Embora o pterígio não represente um risco estético grave no início, seu crescimento tende a tornar o olho mais avermelhado, deformado e visualmente alterado.

Isso impacta a autoestima do paciente e pode provocar constrangimento social, especialmente em ambientes profissionais que exigem comunicação visual constante.

O aspecto estético piora à medida que o pterígio vasculariza mais intensamente, trazendo desconforto emocional e até sintomas psicossomáticos, como ansiedade, vergonha e isolamento.

Consequências emocionais e sociais de não tratar o pterígio

Além dos impactos físicos, a presença de um pterígio visível e sintomático afeta profundamente o bem-estar psicológico do paciente.

O desconforto estético, a irritação constante e a incerteza quanto ao avanço da doença geram estresse emocional, afetando a qualidade de vida e a segurança nas interações sociais.

Pacientes com pterígio avançado relatam constrangimento ao olhar nos olhos de outras pessoas, medo de julgamentos e sensação de vergonha pela aparência do olho afetado.

Quando a condição interfere em atividades básicas, como leitura, direção ou uso prolongado de telas, o prejuízo funcional se soma ao emocional, aumentando a necessidade de intervenção.

Quando a cirurgia de pterígio deve ser feita

A decisão de operar deve ser tomada com base em avaliação oftalmológica criteriosa. A cirurgia é indicada quando a lesão:

  • Apresenta crescimento acelerado em direção à pupila
  • Está associada a sintomas persistentes e incômodos, como ardência e fotofobia
  • Provoca alterações na curvatura corneana e astigmatismo significativo
  • Interfere na visão central ou causa turvação da córnea
  • Compromete a aparência ocular a ponto de afetar o bem-estar psicológico
  • Já recidivou após cirurgia anterior

O momento ideal para operar é antes que a lesão atinja a área central da córnea ou cause danos irreversíveis. Por isso, o acompanhamento regular com o oftalmologista é fundamental.

Como é a cirurgia de pterígio e por que ela é segura

A cirurgia de pterígio é considerada um procedimento seguro, com alto índice de sucesso, quando realizada por profissionais especializados. O método mais utilizado atualmente é a remoção do tecido seguida de um enxerto de conjuntiva saudável do próprio paciente.

Esse enxerto cobre a área onde o pterígio foi retirado, reduzindo o risco de recidiva. O uso de colas biológicas em vez de pontos torna o procedimento ainda mais confortável e acelera a cicatrização.

O tempo de recuperação é rápido, variando entre uma e três semanas. Durante esse período, o paciente deve usar colírios antibióticos e anti-inflamatórios, evitar exposição solar direta e manter cuidados com a higiene dos olhos.

Avanços no tratamento do pterígio e redução de recidivas

Nos últimos anos, a oftalmologia avançou significativamente no tratamento do pterígio. Novas tecnologias e protocolos cirúrgicos têm reduzido as chances de retorno da lesão e proporcionado resultados mais duradouros.

Entre os principais avanços destacam-se o uso de mitomicina C, substância que inibe a proliferação de células conjuntivais, e a aplicação de membrana amniótica para reconstrução da superfície ocular em casos mais complexos.

A utilização de colírios antiangiogênicos no pós-operatório, terapias imunomoduladoras e técnicas minimamente invasivas também têm sido exploradas com sucesso.

Esses recursos, quando aplicados em centros especializados, permitem um controle mais eficaz da doença e melhoram a qualidade dos resultados a longo prazo.

Prevenção é essencial mesmo após a cirurgia

Mesmo após uma cirurgia bem-sucedida, o pterígio pode voltar se os fatores de risco persistirem. Por isso, a prevenção deve ser incorporada à rotina do paciente.

O uso de óculos escuros com proteção UV, chapéus de aba larga e colírios lubrificantes são hábitos indispensáveis. Além disso, evitar ambientes com poeira, vento forte e luz solar intensa contribui para a preservação da superfície ocular.

A adesão a essas medidas reduz não apenas o risco de recidiva, mas também a chance de desenvolvimento de outras condições oculares relacionadas à exposição crônica.

Conclusão

Adiar ou evitar a cirurgia de pterígio quando ela já é clinicamente indicada pode ter consequências sérias, que vão desde o agravamento dos sintomas até a perda parcial da visão.

Embora o pterígio seja, na maioria dos casos, uma lesão benigna, sua progressão silenciosa pode gerar impactos funcionais, estéticos e emocionais significativos.

Com os avanços da medicina oftalmológica, a cirurgia tornou-se um procedimento seguro, eficaz e de recuperação rápida. Ignorar a necessidade da intervenção, por outro lado, pode transformar um problema tratável em uma condição permanente.

Se você apresenta sinais de pterígio avançado ou sente desconfortos frequentes nos olhos, é essencial buscar avaliação médica. O diagnóstico precoce e o tratamento no tempo certo são a chave para manter a saúde visual em dia e evitar complicações no futuro.

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